O futebol tem a Champions League. O futebol americano tem o Superbowl. O basquete tem os jogos eliminatórios da NBA. O hockey no gelo tem a Copa Stanley. O atletismo tem as Olimpíadas.

Para competir nesses eventos, você tem de ter alcançado o mais alto escalão de seu esporte. Apenas as melhores equipes e os melhores atletas individuais no mundo conseguem jogar nessas arenas de gladiadores de atletismo e excelência.

Mas e o pôquer?

Como o mundo do pôquer separa os bons dos excepcionais?

Por muitos anos, quando se tratava se pôquer em torneios, todos os olhos miravam no World Series of Poker (WSOP) e o número de braceletes ganhos. Mas os tempos mudaram nos últimos anos. Torneios iniciados com um cacife de US$ 25.000 estão se tornando cada vez mais populares e, com isso, uma nova hierarquia de estrelas está surgindo no pôquer de uma forma que vimos apenas na época das mesas a dinheiro de apostas altas televisionadas.

Apresentando os cacifes do Nose Bleed Tournament

Em maio de 2017, o 888Poker patrocinou o Super High Roller Bowl (SHRB) com cacife de US$ 300.000 no The Aria, em Las Vegas. Ao lado desse enorme cacife estavam seis Aria High Rollers com níveis de cacife variando de US$ 10.000 a US$ 100.000, e cada um deles continha o termo de retorno, o que significa que os jogadores podiam ficar mais de US$1 milhão no vermelho se escolhessem competir e fossem eliminados de todos os eventos.

Por outro lado, três jogadores ganharam pontuações de mais de US$ 1 milhão naqueles Aria High Rollers, com dois outros levando US$ 900.000 e US$ 800.000, respectivamente.

E depois tinham as emoções e desafios do próprio SHRB, culminando na vitória de Christoph Vogelsang sobre Jake Schindler em uma guerra de heads-up tumultuosa que durou cinco horas, para levar o prêmio de primeiro lugar de US$ 6 milhões e o título de volta à Alemanha pelo segundo ano seguido.

Há dor.

Há alegria.

Mas, como isso pode continuar?

Nossa elite ficará sem dinheiro? E o que essa nova camada de estrelas traz à ecologia do pôquer?

Entrei em contato com alguns deles para coletar opiniões e viajar no tempo para conhecer os maiores High Rollers da última década, e para ter uma pista de "como o futuro será?".

Aproveite.

As estatísticas do grande jogo

As tabelas que você verá vieram de uma década de dados, desde janeiro de 2007 até dezembro de 2016.

Todas as informações vieram do banco de dados do The Hendon Mob, e agradecemos a Eric Danis, do Global Poker Index (GPI), por fornecer os dados puros, sem os quais este artigo não existiria.

Houve 238 torneios globalmente com um cacife de US$ 25.000 ou mais entre as datas apontadas acima, dando uma média de 24 eventos por ano. Mas o aumento nos eventos tem se elevado drasticamente nos últimos dois anos, com uma média de 62 eventos por ano, um aumento de 88% desde janeiro de 2007.

As estatísticas do grande jogo

Quando você olha para a amostragem dos eventos de cada organizador, pode observar que o principal motivo para o aumento nos números foi a criação do Aria High Rollers e a decisão do PokerStars de formar um nicho do High Roller.

Veja os 10 maiores organizadores de eventos na última década por número de eventos:

Veja os 10 maiores organizadores

Quando trata-se do lar dos torneios de apostas altas (acima de US$ 25.000) tem de ser Las Vegas, com 118 eventos apresentados na última década, e isso se deve ao Aria, ao Bellagio e à presença do WSOP.

Durante um podcast recente do Poker Central, Isaac Haxton disse que o Aria High Rollers está começando a perder a graça, mas a decisão de Daniel Negreanu e Brian Rast de começar com torneios de jogos mistos de apostas altas no The Bellagio pode compensar esse declínio.

Como veremos mais para frente neste artigo, os americanos dominam a ação, mas há um afluxo significativo de jogadores europeus, principalmente da Alemanha.

Veremos um lar do tipo Aria na Europa, e se sim, onde? O King's Casino em Rozvadov, República Tcheca? Dusk till Dawn (DTD), em Nottingham, Inglaterra? Os dois lugares são possibilidades distintas, mas não são Las Vegas.

Não acho que haverá um centro europeu, mas sim que a competição entre PokerStars, partypoker e 888Poker aumentará o número de eventos de apostas altas na Europa nos próximos anos.

Veja as cinco principais regiões globais para os jogos de apostas altas:

Veja as cinco principais

E fora de Las Vegas e da Europa?

O Aussie Millions tem sido um alicerce de ação das apostas altas na última década. Os Desafios AUD$ 100.000 e AUD$ 250.000 não mudaram por muitos anos, tirando a contagem regressiva.

O mesmo aplica-se ao Bahamas. O PokerStars Championship Bahamas substituiu o PokerStars Caribbean Adventure (PCA), mas isso não significa um aumento importante nos eventos de High Roller no The Atlantis.

Sobra apenas a Ásia e, especificamente, Macau e as Filipinas. Eu sinto que a equipe por trás do Triton Super Series está apenas começando, e com a presença de ação dos jogos a dinheiro com apostas altas, principalmente em Macau, há espaço para mais torneios de apostas altas nessa parte do mundo, e espero ver um crescimento nessa área.

big game

Um dos motivos pelos quais a atividade de torneio de apostas altas em Las Vegas aumentou recentemente pode ser a ausência de mesas a dinheiro e torneios com apostas altas online, forçando os jogadores a saírem para jogar.

Comprando e vendendo ação em círculos de apostas altas

Fora da América do Norte, a cena do High Roller é dominada pelos alemães. A dominação começou com pessoas como Tobias Reinkemeier, Philipp Gruissem e Christopher Vogelsang ocupando vários eventos e, mais recentemente, pessoas como Fedor Holz e Rainer Kempe.

Esses jogos existem porque os jogadores têm mais propensão a investir uns nos outros. Fedor e sua equipe, por exemplo, não só pegam partes da ação um do outro, mas também estudam juntos e socializam fora do pôquer.

Esses grupos de pôquer levantam algumas questões éticas, como na situação hipotética em que há um grupo de jogadores com investimentos iguais um no outro e há também um jogador solitário, fora do grupo.

Erik Seidel jogou nesses eventos desde o início, e quando perguntei para ele sobre a prática de venda e compartilhamento de ação, ele não estava preocupado com a integridade do jogo.

"Não tenho nenhum problema com isso", disse Seidel. "Quase todos os jogadores no campo são apoiados ou fazem trocas, é assim que essas coisas funcionam, e não acho que precisamos nos preocupar com o compadrio, pois isso não acontece".

Quando trata-se da prática de compartilhar partes e como isso pode ser manifestado conforme o campo diminui, Kempe sente que a transparência é importante.

"Pode criar situações estranhas, claro, mas pessoalmente, não tive má experiência com isso no pôquer ao vivo. E sinto que as pessoas são bem transparentes quando perguntadas sobre isso, o que é um bom sinal com relação a suas intenções".

Kempe também acredita que vender ação é uma necessidade se os profissionais querem ter um lugar frequente nos jogos.

"Não acho que os jogos na Europa, nem os ao vivo quanto os online, dão às pessoas a possibilidade de buscar saldos grandes o suficiente para tentar sua chance em torneios de mais de US$ 25.000", disse Kempe. "Então, pelo futuro à frente, não me parece que há uma forma de evitar a venda de ação. Além disso, principalmente em torneios com cacifes de mais de US$ 100.000, é um mercado de compradores, um bom dinheiro pode ser feito por investidores. Então, me parece uma vitória de ambos os lados. E isso realmente torna os campos mais difíceis e maiores".

Uma pessoa que pode chegar em uma mesa enfrentando um grupo de jogadores que têm acordos uns com os outros é Talal Shakerchi, mas isso não o incomoda.

"Eu nunca compro ou vendo, mas não me importo se os outros fazem isso", disse Shakerchi.

Erik Seidel

Erik Seidel

As estrelas do High Roller

Então, aonde todo o dinheiro está indo?

Veja a lista dos 10 maiores prêmios em dinheiro em eventos com cacife de mais de US$ 25.000 durante a última década.

Os 10 maiores ganhadores de dinheiro (incluindo One Drop)

1. Daniel Colman - US$ 23.369.660

2. Antonio Esfandiari - US$ 20.753.198
3. Fedor Holz - US$ 18.841.877
4. Scott Seiver - US$ 18.243.613
5. Erik Seidel - US$ 17.706.083
6. Brian Rast - US$ 17.178.853
7. Sam Trickett - US$ 16.642.987
8. Daniel Negreanu - US$ 14.251.197
9. Elton Tsang - US$ 12.411.124
10. Tom Marchese - US$ 10.830.379

Se você remover os resultados do One Drop, jogadores como Daniel Colman, Antonio Esfandiari, Sam Trickett, Daniel Negreanu e Elton Tsang saem de cena.

Os 10 maiores ganhadores de dinheiro (menos One Drop)

1. Fedor Holz - US$ 18.841.877

2. Erik Seidel - US$ 17.706.083
3. Scott Seiver - US$ 16.563.613
4. Brian Rast - US$ 15.557.520
5. Tom Marchese - US$ 10.830.379
6. Isaac Haxton - US$ 10.521.630
7. Steve O'Dwyer - US$ 10.063.192
8. Phil Ivey - US$ 9.426.628
9. David Peters - US$ 8.798.599
10. Bryn Kenney - US$ 8.372.894

A única pessoa que sobreviveu minha decisão de remover os resultados do One Drop foi Scott Seiver, provando sua consistência na última década.

A coisa marcante sobre o Top 10 (menos One Drop) é o aumento na proeminência de Fedor Holz. Se há um jovem que resume o sonho de todos jogadores de pôquer profissional, esse jovem é o alemão de 23 anos.

Antes de 2015, o ápice de Holz em um ano foi de US$ 202.143, e dois anos depois ele já gastava esse tanto em uma tarde no The Aria. Holz também chegou às 10 maiores presenças ITM, mas não chegou aos 10 melhores da mesa final ou aos 3 melhores finalizadores ITM, mostrando quão eficaz ele tem sido em vencer os MAIORES prêmios disponíveis no jogo. O garoto Holz sabe vencer.

Outra pessoa que vale a pena mencionar na lista dos 10 maiores ganhadores de dinheiro (menos One Drop) é Phil Ivey. A pessoa que todos consideram o Muhammad Ali do pôquer não joga no The Aria High Rollers, e você não o verá no circuito do PokerStars Championship.

Ivey satisfaz esse aspecto por conta de sua dominação precoce dos Desafios de AUD$ 100.000 e AUD$ 250.000 no Aussie Millions. Sam Trickett é outro jogador que tem se saído muito bem na Austrália, mas não aparece no The Aria nem no PokerStars Championship com tanta frequência.

O único homem que se sai excepcionalmente bem em todas as três contas (Aussie Millions, Aria e PokerStars Championship) é o perene Erik Seidel. Se há um homem que sobreviveu à passagem do tempo e competiu contra os melhores do passado e do presente, esse homem é o nova-iorquino sentado no topo das tabelas de 10 maiores presenças ITM e de 10 maiores aparições em mesas finais.

Títulos são ótimos, mas o desejo do profissional deve ser de entrar nesses três principais pontos, e ninguém faz isso de forma mais consistente que Tom Marchese, terminando em Top 3 ITM por 19 vezes (principalmente no The Aria). Porém, Cary Katz (um não profissional) figura em todas as tabelas de premiação (com exceção ao dinheiro total ganho), novamente como resultado de suas performances consistentes no The Aria.

Mas o dinheiro ganho geralmente engana, então pedi aos profissionais para escolherem os melhores talentos e foi isso o que eles tinham a dizer:

"Há tantos que é impossível criar uma lista sem esquecer de alguém", disse Seidel. "Digamos que os resultados de Steve O'Dwyer são incríveis e embora muitos profissionais vejam isso, ainda acredito que ele não é reconhecido por isso o quanto eu acho que ele deva ser".

Talal Shakerchi deu um elogio especial a Scott Seiver e David Peters, e entre os não profissionais, Bill Klein teve uma menção honrosa. Klein chegou a nove mesas finais, chegando ao Top 3 cinco vezes, mas falhou em vencer um único evento, sendo derrotado no heads-up as quatro vezes que chegou tão longe.

As 10 maiores presenças ITM

1. Erik Seidel - 32
2. Tom Marchese - 30
3. Scott Seiver - 29
4. Cary Katz - 27
5. Isaac Haxton - 22
6. Brian Rast - 21
6. David Peters - 21
7. Fedor Holz - 20
7. Steve O'Dwyer - 20
7. Bryn Kenney - 20
7. Jake Schindler - 20
8. Igor Kurganov - 19
8. Byron Kaverman - 19
9. Daniel Negreanu - 16
9. Dan Shak - 16
10. Jason Mercier - 15
10. Jason Koon - 15

As 10 maiores aparições em mesas finais

1. Erik Seidel - 32
2. Scott Seiver - 29
3. Tom Marchese - 30
4. Cary Katz - 27
5. David Peters - 20
6. Brian Rast - 19
7. Isaac Haxton - 18
7. Jake Schindler - 18
8. Fedor Holz - 17
8. Steve O'Dwyer - 17
9. Bryn Kenney - 16
10. Byron Kaverman - 15

Os 5 melhores finalistas de Top 3 ITM

1. Tom Marchese - 19
2. Erik Seidel - 18
3. Cary Katz - 15
4. Brian Rast - 12
4. Jake Schindler - 12
5. Scott Seiver - 10
5. Isaac Haxton - 10
5. Jason Mercier - 10

Os maiores vencedores ITM amadores (não incluindo One Drop)

1. Stanley Choi - US$ 6.986.352
2. Dan Shak - US$ 5.503.940
3. Cary Katz - US$ 5.385.787
4. Richard Yong - US$ 4.468.293
5. Paul Phua - US$ 4.458.243

A geografia do High Roller

Apenas para provar que os Estados Unidos, a China e a Alemanha não têm o monopólio da ação do pôquer de altas apostas, veja uma lista de 56 países que têm jogadores que faturaram nos eventos de High Roller na última década.

A geografia do High Roller

Grandes jogos: O futuro do pôquer de apostas altas?

No início deste artigo, lancei a pergunta:

Como isso pode continuar?

Bem, parece que o dinheiro não deixará o setor tão cedo. No caso do The Aria, até mesmo os não profissionais, como Cary Katz, ainda estão plantando suas vitórias no jogo. Não há nenhum morde e assopra, e com pessoas como Dominik Nitsche, Adrian Mateos, Sergio Aido e Jack Salter entrando na cena, o futuro parece promissor.

Com a maior presença ITM e aparições em mesas finais, Erik Seidel conhece sua cena como a palma da própria mão, e sua experiência o dá esperança de que a economia do High Roller seja estável.

“Acho que Cary Katz e Aria fizeram um ótimo trabalho criando eventos de High Roller regulares e as condições que os profissionais e amadores gostam”, disse Seidel. "Rake razoável, boa comida e uma boa atmosfera. Eles também estão fazendo outras coisas boas, então acho o futuro promissor".

Com mais de US$ 7,5 milhões em ganhos desses jogos, Rainer Kempe fica em 19o lugar nos mais bem-sucedidos em termos de dinheiro ganho, então, vale a pena ouvir sua opinião sobre o futuro desses jogos.

"A porcentagem de pessoas ganhando dinheiro nos torneios de High Roller é maior que em outros eventos pois o rake é significativamente menor", disse Kempe. "A maioria das pessoas que não ganha dinheiro neles continuará jogando enquanto gostarem da competição. Não consigo pensar em um homem ou mulher de negócios nesses campos que corra risco de ficar sem dinheiro para bancar cacifes em algum ponto".

Talal Shakerchi é um dos não profissionais que compete nos jogos de maiores cacifes, quando seu calendário empresarial e filantrópico permite. O gerente de um fundo de cobertura concorda com Kempe que o rake baixo é um fator principal.

"Os eventos do High Roller funcionam no momento porque a porcentagem do rake é relativamente baixa e alguns poucos jogadores recreacionais entram", disse Shakerchi. "Além disso, High Rollers são frequentemente realizados durante uma série quando jogadores estão na área por outros motivos, então não há custos de viagem adicionais, etc.".

David Peters

David Peters

David Peters é o Jogador do Ano do Global Poker Index (GPI) atual e está em 15o na tabela de Dinheiro Total Ganho com US$ 8,8 milhões em ganhos de torneios ao vivo, e não espera que os jogos sequem.

"Acredito que a economia do High Roller está se saindo bem, e não espero que ela perca as forças tão cedo", disse Peters. "Há muitas pessoas mundo afora que estão procurando investir em jogadores que participam e não podem bancar um cacife inteiro, e há muitos jogadores recreacionais que gostam do desafio de jogar contra ótimos jogadores e também amam o jogo. Além disso, todos nós jogamos um com o outro tanto que há muita energia boa e amigável, e as pessoas se divertem".

Acho que Peters faz uma observação ótima frequentemente ignorada por todos fora do nicho. O pôquer é uma forma de diversão, e quando você tem um grupo pequeno de pessoas que compete regularmente, laços serão criados, e haverá mais diversão nas mesas.

Então, o sentimento de nosso painel curto e afiado é unânime, os jogos continuarão. Mas quão "vencíveis" são os jogos? Pegue qualquer livro básico de pôquer e você verá conselhos para evitar os melhores jogadores a todos os custos e, mesmo assim, aqui eles estão, competindo voluntariamente.

Eles são muito desafiadores, mas possíveis de serem vencidos", disse Seidel. "Cary {Katz} não é um profissional e teve ótimos resultados neles, e eu não acho que seja sorte. Esses jogos são um ótimo lugar para acertar seu jogo e ver qual é o seu nível".

"Novamente, trata-se de rake reduzido e cacifes altos. Então, até mesmo pequenas fatias valem a pena se você pode aproveitar a variação", disse Kempe. "Quão grande ou pequena essa fatia é, claramente é muito difícil de dizer. E tenho certeza que a maioria dos jogadores ou grupos deles são, de alguma forma, parciais em seu julgamento".

“Há uma boa mistura de profissionais e jogadores recreacionais. É, os grandes prêmios e poder testar suas habilidades contra alguns dos melhores jogadores em alguns dos maiores estágios é sempre muito sedutor", disse Peters.

Peters fala sobre a boa mistura de profissionais e jogadores recreacionais, e lembro dos comentários de Haxton sobre o podcast do Poker Central e a importância do envolvimento dos jogadores recreacionais. Um desses jogadores recreacionais é Talal Shakerchi, e perguntei a ele como era entrar nesses jogos com um alvo em suas costas?

"Não me sinto nem um pouco assim", disse Shakerchi. "Joguei o suficiente deles e geralmente conheço 90% dos participantes, então não me sinto excluído. Com relação ao alvo, ganhei alguns HRs e faturei em vários, então não me sinto assim. Mesmo no caso de jogadores recreacionais desconhecidos, os profissionais que jogam HRs são inteligentes o suficiente para fazê-los se sentirem participantes bem-vindos e válidos".

Então, Shakerchi se sente em casa, mas esse não é o caso com todos os jogadores recreacionais, demonstrado pela decisão do Guy Laliberte de apresentar o One Drop de 2016 com cacife de US$ 1 milhão em Monte Carlo e restringi-lo a não profissionais. Perguntei ao painel quais são suas opiniões sobre essa atitude do fundador do Cirque de Soleil.

"O problema com os torneios restritos é que eles não sabem quem realmente são os profissionais", disse Seidel. "Elton {Tsang}, que ganhou esse último, é um jogador fenomenal; eu apostaria nele em qualquer campo, ele é um jogador de elite. Ele entrou porque as pessoas não o conhecem, e muitos outros também passaram da mesma maneira, então não acho que funciona bem".

"Não gosto nada dessa ideia", disse Peters. "Esses eventos devem ser sobre ter uma boa mistura entre amadores e profissionais. O pôquer é um jogo que qualquer um pode jogar e não acho que nenhum torneio deva ser restrito. Se houver um teto por qualquer motivo, tudo bem, então algumas pessoas podem ficar de fora, mas fora isso, se você conseguir pagar o cacife, qualquer um deve poder jogar".

"Estou tranquilo a princípio, mas há dois desafios", disse Shakerchi. “(1) Há muito poucos amadores reais que jogarão HRs, então os números sempre serão baixos; e (2) não é fácil desenhar uma linha boa e satisfatória sobre quais fatores permitem que os jogadores se qualifiquem. Trocando em miúdos, ser profissional significa apenas que o pôquer é a principal ocupação/fonte de renda da pessoa. Isso deixa muitas áreas borradas que são difíceis de esclarecer".

Christoph Vogelsang - vencedor do SHRB de 2017. Fotografia por Joe Giron

Christoph Vogelsang - vencedor do SHRB de 2017. Fotografia por Joe Giron

Os melhores torneios de apostas altas

Houve 238 torneios com cacife de mais de US$ 25.000 na última década, mas qual evento é o melhor? Qual evento traz as melhores sensações entre os profissionais e os amadores, e por quê?

"O US$ 300.000 no Aria é agora o torneio mais importante do ano, sem dúvida", disse Seidel. "Não dá nem pra fantasiar com a vitória do WSOP Main Event mais; aposto que qualquer jogador específico não chegou nos 9 melhores em toda sua vida".

Rainer Kempe concorda com o grande homem, mas não dá para tirar a razão dele; ele ganhou a coisa toda no ano passado, levando US$ 5 milhões.

“Tem de ser o Super High Roller Bowl, né? A estrutura, cobertura, rake, dealers, campo - tudo isso foi muito bom ano passado. E estou muito esperançoso por participar novamente".

David Peters e Talal Shakerchi também concordam que o evento principal do ano é o Super High Roller Bowl com cacife de US$ 300.000.

“Acho que o Aria $300k é o melhor torneio do ano e o que mais me deixa ansioso", disse Peters. "Amo jogar no Aria, é muito confortável, eles fazem um ótimo trabalho na execução, sem rake, ambiente amigável e um enorme prêmio. Mal posso esperar".

"O SHR Bowl do ano passado foi bom", disse Shakerchi. "Rake zero, US$ 300.000 (2%) adicionados ao prêmio; jogadores muito bem atendidos e boa variedade".

Resumo do High Roller

A comunidade do High Roller é uma parte importante do ecossistema do pôquer. É um lugar onde os melhores do mundo competem regularmente, tornando-o uma ótima fonte de entretenimento para consumidores do jogo, e entidades de mídia digital como Poker Central podem tirar algo especial disso tudo.

Enquanto o dinheiro não necessariamente transborda para as camadas baixas do ecossistema da elite do pôquer, ele também não fica escasso. Os profissionais e amadores que competem nos jogos parecem gostar deles, e não demonstram vontade de deixar o jogo tão cedo.

Os jogadores não têm 100% de sua ação, mas há transparência sobre o movimento do dinheiro, e isso mostra respeito pelos jogadores no jogo.

A única preocupação é como os novos profissionais se envolvem na ação agora que é mais difícil gerar saldo jogando apenas online, por conta da burocracia que alguns países, pincipalmente os Estados Unidos, colocam em frente do jogador de pôquer profissional.

O painel foi unânime em apoiar os High Rollers, e todos acham que é bom para o setor e, como alguém que se apaixonou pelo pôquer assistindo High Stakes Poker e Late Night Poker na TV, tenho de concordar.

Lee Davy é um escritor sobre pôquer e repórter ao vivo que trabalhou para todos os principais nomes da indústria, incluindo o WPT, o WSOP e o 888poker.