Restam 50 jogadores no 47º World Series of Poker (WSOP) Main Event quando o dealer distribui as cartas em uma das mesas. O primeiro jogador a olhar as cartas é Jan Suchanek no under the gun (UTG, posição à esquerda dos blinds). Ele gosta do que vê e aposta 275.000. A ação se desdobra até Fernando Pons, na posição intermediária, e ele paga. Adam Krach, no botão, faz 3bets até 1,1 milhão; Suchanek vai a all-in com 5,42 milhões; Pons também vai a all-in com 6,445 milhões e Krach desiste.

Suchanek mostra AsQc; Pons mostra JsJd. As probabilidades são iguais. Se Suchanek não conseguir um ás ou uma dama, estará fora do 50º lugar. Se Pons não se contiver, poderá ficar com um dos menores montes de fichas do torneio. É a mão que definirá o torneio para ambos os jogadores.

Pons ajusta o boné e espera o dealer fazer a abertura (flop) mais crítica de sua vida.

Abertura: Ad9s3s

Suchanek hits o ás dele.

Pons parece arrasado.

Ele só tem mais duas possibilidades e duas mais cartas a serem viradas. Talvez ele não tenha que mudar o voo no final das contas. Talvez ele não precise pedir mais dias de folga ao chefe. O sonho com certeza acabou.

Milagres não acontecem com homens como Fernando Pons.

Turn: 3c

A aflição é evidente no rosto de Pons.

Só o river pode salvá-lo agora e há apenas duas cartas no baralho que podem manter o sonho dele vivo.

River: Jc

Ele conseguiu!

O baralho trouxe a salvação de Pons.

Talvez milagres aconteçam.

Fernando PonsFoto de: fabfotos

Profissional, pai, marido e jogador de pôquer amador

Fernando Pons, 37 anos, mora em Palma de Maiorca, nas Ilhas Baleares Espanholas. É um dos lugares mais bonitos do planeta. O lugar tem uma vibração artística, uma sensação criativa que inspira artesãos do mundo todo.

É bem diferente da agitação de Las Vegas.

Pons tem uma esposa e uma filha de quatro anos. Ele é um executivo de contas de uma rede de varejo. Quando não está exercendo sua função de pai ou de marido, ele gosta de jogar pôquer, que aprendeu jogando na casa de amigos por diversão.

Por maior que seja a diversão desses jogos, Pons sempre gostou de vencer. Ele foi um vencedor a vida toda. Ele gostava de ganhar todas as mãos, todos os jogos e, conforme melhorava, gostava de ganhar dinheiro.

Pons sempre teve os pés no chão. Ele sempre foi profissional, pai e marido. O pôquer era apenas um hobby, mas um passatempo para o qual recebia o apoio dos amigos e da família. A esposa de Pons sempre deu a ele confiança para ter sucesso, lembrando-o do ótimo jogador que era quando as cartas não estavam produzindo a magia necessária.

Esse apoio nunca foi tão importante quanto em 2012. Pons teve um período de baixa em sua carreira no pôquer. Podia ser um hobby; mas, de repente, as vitórias desapareceram e a diversão desapareceu com elas. Foi muito difícil. As perdas estavam afetando seus relacionamentos, seu trabalho e logo Fernando Pons começou a se achar um ninguém no pôquer.

Então, em 30 de setembro de 2012, Pons foi o vice de Carlos Ribas em um evento com cacife de € 660 no Gran Casino, em Maiorca. O prêmio de € 14.858 renovou-lhe a confiança. Quando voltou para casa, a esposa deu-lhe aquele olhar reconfortante de "Eu te disse".

Transformando € 30 em US$ 8 milhões

O aumento no saldo permitiu a Pons abrir uma conta de pôquer on-line no 888.es, onde jogaria em torneios multimesas on-line depois que sua filha fosse dormir.

Então, em uma noite de maio de 2016, Pons participou de um Satélite de € 30 para um Satélite de € 250 para o Main Event do WSOP. Pons nunca achou que fosse vencer. Era só mais uma das muitas mesas que jogou aquela noite.

Ele se qualificou.

Ele foi trabalhar.

Ele se perguntava se havia milagres.

O Satélite final foi realizado em 22 de maio. Havia 43 participantes. Pons aconchegou-se à esposa no sofá e começou a abrir algumas mesas em seu laptop. A esposa tinha uma mão sobre seu joelho e a outra no controle remoto da TV. A filha dormia tranquilamente no andar de cima sem saber que sua vida estava para mudar irrevogavelmente.

Essa era a rotina de Pons, a mesma rotina de centenas de milhares de jogadores de pôquer pelo mundo todas as noites. Só que, desta vez, foi diferente. O executivo de contas venceu. Ele estava a caminho de Las Vegas para participar do Main Event com um cacife de US$ 10.000. Era o maior torneio do mundo. Pons nunca tinha sequer visitado Las Vegas, quanto mais jogar em um evento do WSOP.

Esse é um momento daqueles em que a maioria dos jogadores amadores desejaria receber os US$ 10 mil em dinheiro, mas não Pons. Jogar no Main Event do WSOP era um sonho.

Ele tinha que saber se milagres acontecem.

Fernando PonsFoto de: fabfotos

Que pressão?

Uma das melhores coisas de se qualificar para um evento de US$ 10.000 por € 30 é que não há pressão alguma. Pons acredita que esse foi um fator fundamental para o seu sucesso quando se sentou e começou a se revelar no maior torneio de pôquer ao vivo. Ele não tinha nada a perder. O espanhol tinha encontrado a mentalidade perfeita.

Seu objetivo era se divertir, jogar cada mão o melhor que pudesse e criar lembranças inesquecíveis. E ele continuou a pensar na esposa e na filha que estavam em casa. Tudo o que ele desejava é que elas estivessem ali, torcendo por ele, suas principais apoiadoras em um dos momentos mais significativos de sua vida.

Main Event do WSOP: Do 1º ao 6º dia

Pons jogou o primeiro dia com outros 4.239 jogadores, a maior rodada inicial dos 47 anos de história do evento. 3.252 passaram para o segundo dia e Pons tinha uma boa posição, terminando o dia com 118.900 fichas. Apenas 280 tinham acumulado mais.

O Main Event do WSOP é um dos torneios mais difíceis do mundo. Para chegar ao November Nine é preciso enfrentar sete dias cansativos de competição que desgastam mental e fisicamente. Também é preciso ter a sorte a seu lado. São poucos os que percorrem a estrada sem alguns all-ins ao longo do caminho.

Então, quando Pons chegou ao 3º dia com 279.600 fichas, ele não estava se deixando levar pela emoção. Ele não estava pensando em vencer a coisa. Ele esta sobrevivendo a cada dia puramente à base da adrenalina. Impossível dormir, pois o jet lag não dava uma trégua.

O objetivo tinha mudado.

Pons queria desesperadamente ganhar dinheiro.

Ele tinha se qualificado por € 30.

US$ 15.000 era lucro puro.

Foi um dia difícil para Pons. 798 jogadores conseguiram e ele terminou em 684º, com 137.000 fichas. Ele tinha menos fichas do que no início do dia, mas havia garantido US$ 16.000. E ele estava no 4º dia. Ele liga para casa para aumentar a convicção da esposa. Ele começou a pensar em Chris Moneymaker, o homem que mudou o panorama do pôquer para sempre com sua vitória no Main Event do WSOP, depois de se qualificar por US$ 30. Ele também pensou em Carlos Mortensen, o maior jogador espanhol de todos os tempos e um vencedor do Main Event do WSOP.

Fique calmo.

Não há nada a perder.

Você já é um vitorioso.

Viva um dia de cada vez.

O 4º dia foi difícil. Pons estava cansado. Às vezes ele não acreditava que havia uma linha de chegada. Ele só queria dormir. Seu monte de fichas continuava a diminuir, mas sua esperança nunca. Ele ficou com poucas fichas a maior parte do dia e teria saído do torneio se não fosse sua jogada heroica em que pagou para não perder tudo. A energia dele podia estar diminuindo, mas sua atenção no pôquer não.

Restavam 251 jogadores no fim do dia Pons levantou-se e olhou ao redor. Ele viu a careca de seu amigo Massa Paolo sorrindo como um raio de esperança e dando um joinha com ar de admiração. Mike Gorodinsky juntava as fichas debaixo de sua faixa de Jogador do Ano de 2015 do WSOP, Daniel Colman falava ao celular e Johnny Chan esfregava o braço enquanto conversava rapidamente com um amigo.

O que estava acontecendo?

Ele agora tinha US$ 36.000 garantidos, o mesmo valor que Pons teria ganho se tivesse vencido Carlos Ribas no Campeonato Espanhol, uma época em que acreditava ser um ninguém no pôquer. Era surreal. Ele tinha 1,58 milhão em fichas. Mais tarde, ele leria as atualizações ao vivo e veria que estava em 81º lugar e ninguém estava falando dele. Era o lugar perfeito.

No 5º dia, o número caiu para 80 jogadores.

Foi um dia incrível para Pons.

Ele conseguiu 7,9 milhões de fichas e isso era bom porque o colocava entre os 10 melhores. Se o torneio terminasse nesse dia, ele teria ganho US$ 650.000. Mas não parou por aí. Ele ainda tinha dois dias pela frente. Uma quantia em dinheiro para mudar de vida já estava ao seu alcance.

Sua mente voava.

E se?

Será?

Todos os dias, ele acordava, saia e comprava roupas novas. O pacote dele incluía cinco dias de estadia. Ele teria que mudar o voo. Ele teria que ligar para o chefe e pedir mais tempo de folga.

“Mas, o que você está fazendo?”

Como explicar aos seus chefes que está ocupado tentando ganhar US$ 8 milhões jogando pôquer do outro lado do mundo?

Será que ele iria voltar?

No 6º dia o inacreditável acontece.

Pons encontra-se em all-in com noves de mão diante de ases de mão. É mais um daqueles momentos que você espera nunca chegar, mas que secretamente sabe que eles virão. É um momento em que até os não religiosos rezam. É o momento em que todos acreditamos nos Deuses do Pôquer.

Pons encontra seu nove.

Ele dobra.

Ele é o líder do Main Event do WSOP quando restam 46 jogadores. Se o torneio terminasse agora, ele seria o Campeão Mundial. Ele teria US$ 8 milhões. Sua vida mudaria para sempre. Sua filha teria tudo o que quisesse. Ele e a esposa teriam a liberdade de realizar sonhos.

Não era nada menos que um milagre.

Fernando PonsFoto de: fabfotos

E então ele vence com JJ x AQ contra Jan Suchanek com duas probabilidades de virada no river. Estava acontecendo. Pons podia sentir a onda do momento conduzindo-o a cada carta. Ele estava exausto. Suas energias estavam se esgotando. Mas, ele tinha esperança; ele tinha um sonho e estava de dedos cruzados.

Apenas 27 jogadores conseguiram passar para o último dia.

Fernando Pons estava em sétimo lugar com mais de 17 milhões de fichas e que ótimo momento para fazer bonito. Pons, o ninguém do pôquer, estava disputando a linha de chegada ao lado de alguns dos maiores jogadores do mundo.

Tom Marchese.

Griffin Benger.

Cliff Josephy.

James Obst.

Jared Bleznick.

Antoine Saout.

Como ele poderia derrotar esses caras?

Quando isso iria acabar?

Ele tinha garantido US$ 269.430. Se terminasse agora ela já teria ultrapassado suas maiores expectativas. Ele não deveria prosseguir. Ele nem deveria estar lá; mas, mesmo assim, Pons se sentia em casa. Alguém tinha esbarrado no botão de pressão. O que começou como uma jornada qualquer, agora tinha se tornado um objetivo absoluto de chegar ao November Nine.

Era a sua primeira visita a Las Vegas.

Ele só tinha visto a parte interna do Rio.

Ele queria desesperadamente um motivo para voltar.

Main Event do WSOP: 7º dia

O 7º dia do Main Event do WSOP foi um dia tão importante quanto o dia do seu casamento ou do nascimento de sua filha. Seu voo já tinha sido mudado, mais roupas tinham sido compradas e seu chefe tinha gentilmente prolongado o seu período de folga.

27 jogadores estavam no caminho entre os US$ 8 milhões e o título de Campeão Mundial. Seria a maior história dramática desde Moneymaker. Ele ligou para a esposa. Ela o fez lembrar de que, em 2012, quando ele achava ser um ninguém no pôquer, ela disse que um dia ele seria grande. Por trás de todo grande homem há uma mulher maior ainda. Pons sabia que não estaria lá hoje se não fosse pelo apoio incondicional da pessoa que ele mais amava no mundo. Ele faria isso por ela.

Fernando PonsFoto de: fabfotos

O jogo final

Ele começou com 86bb.

Seu plano era jogar firme, jogar cada mão como viesse e manter-se o mais sereno possível.

Ele tinha muitas fichas.

Ele esperava que elas durassem.

Tantos jogadores estavam no caminho do espanhol. Pons não conhecia a maioria deles e isso era bom. Saber o quanto Matthew Moss ou Antoine Saout era bom poderia ter prejudicado o jogo dele.

Ele começa bem, vencendo três mãos seguidas. Ele ganha os blinds e antes com uma abertura no cutoff (CO, posição imediatamente à direita do botão). Ele aumenta em hijack (posição antes do CO), Thomas Miller paga no botão e ele detona com uma c-bet. Então, Michael Ruane abre na primeira posição e Pons paga na posição intermediária. O flop (abertura) é Ad9c3s; Ruane aposta 575k e Pons paga. O turn é 7c e os dois jogadores pedem mesa. O river é Qs; Ruane pede mesa, Pons aposta 900 mil e ganha o pote, indo para 100bb.

Em seguida, ele enfrenta um dos concorrentes mais fortes: James Obst. O australiano abre o botão, Pons faz 3bet até 1,3 milhão no big blind e Obst paga. O flop (abertura) é 9h8h2h; Pons aposta 1,225 milhão; Obst paga. O turn é Jd; Pons pede mesa, Obst aposta 1,8 milhão e Pons faz um check-raise (mesa-repica) para 9 milhões e fica com o pote.

Pons não poderia esperar um melhor começo.

Ele sentiu-se confortável.

Ele estava alheio a tudo.

Antoine Saout é eliminado no 25º lugar.

Depois, ele perde um pote grande contra Mike Shin. Sua confiança é prejudicada, mas ele não demonstra. Mike Shin abre o jogo na posição intermediária, Qui Nguyen paga no cutoff e Fernando Pons paga no botão. O flop (abertura) é Qh5c2c; Shin aposta 750 mil; Nguyen desiste e Pons paga. O turn é Th; Shin pede mesa e Pons pede mesa. O river é Qd; Shin aposta 1,55 milhão e Pons paga. Shin mostra AhQs e Pons é forçado a desistir de sua dama. É um contratempo, mas ele ainda tem 79bb.

Valentin Vornicu é eliminado no 23º lugar.

Pons abre com 700 mil na posição intermediária; Hakim faz 3bet até 1,5 milhão na posição e Pons paga. O flop (abertura) é AcAh8h e ambos os jogadores pedem mesa. O turn é 5d; Pons aposta 1,5 milhão e Hakim paga. O river é Jh; Pons aposta 5,125 milhões, Hakim vai a all-in por 6,275 milhões e Pons paga. Hakim mostra AsTs, mas Pons o derrota com KhQh formando o flush e tem 87bb.

Ele enfrenta Mike Shin pela segunda vez.

Ele se sai bem melhor do que na primeira vez.

Pons abre na posição intermediária e Shin paga no botão. O flop (abertura) é Ks8c6h, Pons pede mesa e Shin também pede mesa. O 8h é a segunda carta, Pons aposta 700 mil e Shin paga. O Jc é virado no river; Pons aposta 1,2 milhão e Shin paga. Pons mostra AsKh formando dois pares e Shin desiste. Pons agora tem 96bb

Matthew Moss é eliminado em 21º lugar

Pons dá uma olhada ao redor. Paolo dá um joinha para ele da torcida. É bom sentir que alguém está ao seu lado quando está no meio da batalha. Restam duas mesas, só duas. Pons não consegue acreditar. Griffin Benger senta-se ao seu lado. Seu monte de fichas está reduzido a 39bb. Ele não quer que diminua ainda mais. Ele pretende evitar all-in e pagar.

Griffin Benger elimina Will Kassouf no 17º lugar.

Kenny Hallaert elimina Jared Bleznick no 16º lugar.

Tom Marchese cai para 14º lugar.

James Obst sai em 13º lugar.

E Pons não consegue vencer uma mão.

Ele aumenta, desiste e faz 3bets. Ele faz 3bets, desiste e faz 4bets. E seu monte de fichas está cada vez menor. Seu batimento cardíaco está elevado. Ele transpira. Está ficando quente aqui.

Mike Shin está fora em 12º lugar.

Pons aguenta firme.

As fichas estão se esvaindo.

John Cynn está fora em 11º lugar.

Ele chegou à mesa final não oficial Ele não consegue acreditar. Paolo não consegue acreditar. Ele tem US$ 650.000 garantidos e qualificou-se por € 30.

Ele absorve a ideia.

Ele respira fundo três vezes, o mais fundo que já respirou na vida. Restam dez pessoas. Uma mais saindo e as demais farão parte do November Nine. Vidas mudarão. E há um aumento de US$ 350.000 no pagamento. Alguém vai sofrer bastante.

Pons conta as fichas. Ele tem 18bb. Jerry Wong tem 22bb e Joshua Weiss tem 7bb.

A ação tem ritmo lento.

Jack Effel faz com que joguem mão a mão e remove os direitos do jogador de chamar o relógio por causa da velocidade do jogo.

Pons cai para 17bb, 16bb, 15bb.

Ele continua observando Weiss.

Faça uma jogada.

Faça uma jogada.

Kenny Hallaert abre o botão, o small blind desiste. Weiss está no big blind com 3bb.

Vá a all-in; por favor, vá a all-in.

Weiss desiste.

Pons cai para 14bb, 13bb, 12bb.

Ele sabe que suas únicas opções são ir a all-in ou desistir. Ele não quer tomar a decisão. Seu desejo era sair para dar uma volta e, quando voltasse, alguém teria saído. De repente, não se tratava de US$ 8 milhões. Não se tratava de deixar a esposa orgulhosa.

Tratava-se de chegar ao November Nine.

Tratava-se de sobrevivência.

Mas, o tempo está acabando.

Por favor, não me dê uma mão.

A ação se desdobra com Weiss na posição inicial e ele vai a all-in. O coração de Pons para. E volta a bater. Michael Ruane e Gordon Vayo pagam nos blinds. O coração de Pons bate tão forte que ele coloca a mão no peito para que as costelas não quebrem.

A mesa toda, com exceção de Weiss, sabe o que deve acontecer em seguida. E acontece. Ruane e Vayo seguram a ação pedindo mesa até o river. Weiss mostra Ad8c formando ás maior.

Ai não, pode ser bom, ás maior pode ser bom,

Vayo mostra Qh7s formando um par de setes.

Acabou.

Ninguém nota que Ruane venceu a mão com dois pares. Ninguém se importa. Há um momento de aperto de mão de consolação para Weiss e depois todos comemoram.

Pons olha para Paolo que lhe dá um joinha.

Ele está tremendo.

Ele não consegue acreditar.

Ele chegou ao November Nine.

Ele começará com 12bb e o menor monte de fichas da sala. Ele tem US$ 1 milhão garantido. Ele pode ganhar US$ 8 milhões. Novamente, poderia ser a viagem a Las Vegas mais curta da vida dele. Mas, isso era o que todos achavam que aconteceria quando ele chegou aqui sete dias atrás.

Todos exceto Pons.

Todos exceto Paolo.

Todos exceto a esposa dele.

E quando Pons agradeceu o chefe pela folga extra, ele se sentiu envergonhado por ter que pedir mais folga em novembro.

"O que é dessa vez?", perguntou o chefe.

“Eu vou a Las Vegas para ver se milagres realmente acontecem”, respondeu Pons.

Fernando PonsFoto de: fabfotos

Lee Davy é um escritor sobre pôquer e repórter ao vivo que trabalhou para todos os principais nomes da indústria, incluindo o WPT, o WSOP e o 888poker.